O post vem hoje noutra introspecção, já que falta dizer o porquê do 'Nunca mais do mesmo'. Não das questões ideológicas que levaram ao blog, afinal comentei o fato no post inaugural, mas sim do imediato porque do nome esdrúxulo. E aproveitemos para explicar também estas razões.
Claro que esta seria outra crônica típica, não fosse a contagem, já na casa da centena, de historietas que culminam no fenômeno, no fato que levou a voz a proferir 'nunca mais do mesmo'. Pode-se dizer que o bendito nome é atribuído a minha insatisfação pessoal para com a estagnação que acomete vários braços da cultura.
Temo dizer que se instalou uma falta de idéias tamanha em diversos segmentos, senão todos. Aqui posso falar abertamente apenas daquilo mais mundano, que acompanho com certa atenção, já que não tenho o gabarito para justificar algumas das minhas linhas de pensamento. Seja no cinema, seja nos livros, seja nos quadrinhos, parece que ninguém tem mais nada a acrescentar, nenhuma nova história a contar. Não se inova mais?
Esta idéia e sentida especialmente na música, que apesar da massiva produção última, tem um foco extremamente comercial. Assim, não-ter-vergonha-de-copiar-o-que-dá-certo leva a bandas e mais bandas idênticas, tanto em proposta, quanto em sonoridade. Aqui e lá fora. Além das cópias óbvias, ainda restam as chamadas releituras, os rearranjos. Muito embora eu os admire com relativa freqüência, exatamente em que momento se tentará criar algo novo? Uma nova escola, um novo estilo em vias de fato? Ou será que o tempo passou muito pouco para que percebamos as mudanças, tão lentas como o ponteiro dos séculos perto dos décimos de segundo?
Tomando dos filmes agora, chega a ser ridícula a quantidade de remakes por aí afora. Não só de obras de trinta, quarenta anos atrás, mas filmes de cinco, seis anos atrás. E claro, isso é a crítica imediata à Hollywood, que afirma falar uma língua diferente do resto do mundo e acha que precisa traduzir as produções européias, asiáticas e afins para sua cultura. A meu ver, isso é uma afronta sem tamanho ao original, cuja intenção era ser apresentado exata e unicamente da maneira em que foi feito, não para um público específico, mas para todo aquele que vai ao cinema. E é obrigação daquele que vai ao cinema entender, ou passar a conhecer, as questões cotidianas e do momento histórico ali transposto e não o oposto. Do contrário, seria sem objetivo algum ver filmes de outra visão. Mas enfim, batam palmas para o Oscar. Grande Scorcese, aprendendo com os chineses de Infernal Affairs (Mou Gaan Dou) em seu Os Infiltrados (The Departed). E ainda querem fazer uma adaptação do coreano OldBoy do Chan-wook Park. Com o Espilbergo. AND, o Rei do Pedaço. Daqui a pouco vão fazer um desenho animado de Corra, Lola, Corra (Lola rennt). Ah, sim, e fizeram um remake Psicose (Psycho) não fizeram?!?
E na mesma linha vêm as adaptações de outras mídias. Estranhamente, a grande maioria dos filmes mais aclamados, são adaptações e livros. O Poderoso Chefão (Godfather), Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption) O discurso de que o livro é melhor é tão recorrente que se tornou banal, assim como idéia de que se deve avaliar a história unicamente naquele formato, esquecendo todo o resto. Embora esse naipe de adaptações tenha seu mérito, pouco se explora a linguagem própria e única do cinema. Uns e outros tentam e ainda são chamados de "alternativos". Nem comento.
E dos livros em si, acho estranhíssimo nomear os escritores do século quando não se passou ainda uma década da virada. Quero dizer, obras consagradas o são por terem sobrevivido aos anos, mais de uma centena com certeza. Talvez seja nosso hábito de encarar as novas mídias, como o cinema e já apontar ali seus clássicos. Um filme com dez anos já é um clássico? E não creio que apontar os mais vendidos hoje para uma previsão futura do que serão os clássicos seja razoável. Afinal, quando foi que Dan Brown retratou em vias de fato esta época?
Aliás, Dan Brown é um sujeito engraçadíssimo. Apesar de eu não poder criticar nem de longe seu uso recorrente da mesma fórmula em todos os livros, afinal um de meus autores prediletos, Jules Verne, o fez em dúzias. Sempre estão lá três sujeitos, com uma donzela em porto seguro, vagando ao encontro de seu inimigo. Um homem instruído, outro prático e o herói carismático, lutando contra o tempo, contra as entranhas da Terra, contra Nemo. Mas veja que em sua produção prolífica, ele era um visionário. Brown, um repetitivo ilusionista. É até interessante ler um livro dele. UM.
E nem de longe eu comparei Dan Brown a Jules Verne. Eles nem deveriam ser colocados no mesmo parágrafo.
Já para os quadrinhos, eu diria que a coisa não é nada melhor, só piora. Enquanto as grandes da indústria dos EUA, Marvel e DC, nunca põem fim às histórias de seus personagens, tão velhos que o primeiro fã deve estar para bater as botas quando ler que Stan Lee morreu praticando Parkour, o mundo se rende aos quadrinhos asiáticos, o mangá, o manhua, o manhwa ou outras contrapartes. Para nós ocidentais, foi um abrir de olhos, que já tinha inspirado inclusive alguns americanos coisa de vinte anos atrás, feito Frank Miller. Mas chegam aqui as grandes vendagens japonesas, que já se repetem na sua busca pelo mais forte. Impressiona pouca coisa, daquilo que chega às mãos, mas dá pra citar um FLCL, e outros do material da Gainax, para citar as animações, ou escrito pelo Naoki Urasawa, ultimamente. Depois de dilatar as pupilas, o mundo procurou as escolas européias, com quadrinhos adult(er)os franceses, ingleses e afins. E mesmo os quadrinhos "para crianças" de Goscinny e Hergé. E depois caíram em gente como Gaiman e Alan Moore. Que por sinal vão pro cinema...
Sinceramente, existem universos que não podem ser transpostos a linguagem do cinema. Mesmo com gênios da arte trabalhando-a, não dá, simplesmente não dá.
Talvez olhando para trás se perceba que uma mídia lendo outra seja algo natural. Prosa e a poesia, antes mesmo de se tornarem clássicos, encontraram a música um dia, antes d'ela ser erudita. Com elas vieram as óperas, depois o teatro. Hoje, a seção de livros mais vendidos, os quadrinhos e mesmo videogames, acham o cinema, que faz uso dos nomes da música pop. Não necessariamente nessa ordem.
Agora, Voltando ao 'Nunca mais do mesmo', a idéia era tentar ter todos os dias, ou quando houvesse tempo para escrever um novo prato principal aqui. Obviamente isso seria um tanto quanto pretensioso, como toda revolução, mas enfim, tentaremos. Não que a intenção seja revolucionar, entende-se que isso é impossível, mas forcemos essa barreira um pouco. Se essa vontade não for concretizada, lembremos comer fora nas ocasiões especiais.
Claro que esta seria outra crônica típica, não fosse a contagem, já na casa da centena, de historietas que culminam no fenômeno, no fato que levou a voz a proferir 'nunca mais do mesmo'. Pode-se dizer que o bendito nome é atribuído a minha insatisfação pessoal para com a estagnação que acomete vários braços da cultura.
Temo dizer que se instalou uma falta de idéias tamanha em diversos segmentos, senão todos. Aqui posso falar abertamente apenas daquilo mais mundano, que acompanho com certa atenção, já que não tenho o gabarito para justificar algumas das minhas linhas de pensamento. Seja no cinema, seja nos livros, seja nos quadrinhos, parece que ninguém tem mais nada a acrescentar, nenhuma nova história a contar. Não se inova mais?
Esta idéia e sentida especialmente na música, que apesar da massiva produção última, tem um foco extremamente comercial. Assim, não-ter-vergonha-de-copiar-o-que-dá-certo leva a bandas e mais bandas idênticas, tanto em proposta, quanto em sonoridade. Aqui e lá fora. Além das cópias óbvias, ainda restam as chamadas releituras, os rearranjos. Muito embora eu os admire com relativa freqüência, exatamente em que momento se tentará criar algo novo? Uma nova escola, um novo estilo em vias de fato? Ou será que o tempo passou muito pouco para que percebamos as mudanças, tão lentas como o ponteiro dos séculos perto dos décimos de segundo?
Tomando dos filmes agora, chega a ser ridícula a quantidade de remakes por aí afora. Não só de obras de trinta, quarenta anos atrás, mas filmes de cinco, seis anos atrás. E claro, isso é a crítica imediata à Hollywood, que afirma falar uma língua diferente do resto do mundo e acha que precisa traduzir as produções européias, asiáticas e afins para sua cultura. A meu ver, isso é uma afronta sem tamanho ao original, cuja intenção era ser apresentado exata e unicamente da maneira em que foi feito, não para um público específico, mas para todo aquele que vai ao cinema. E é obrigação daquele que vai ao cinema entender, ou passar a conhecer, as questões cotidianas e do momento histórico ali transposto e não o oposto. Do contrário, seria sem objetivo algum ver filmes de outra visão. Mas enfim, batam palmas para o Oscar. Grande Scorcese, aprendendo com os chineses de Infernal Affairs (Mou Gaan Dou) em seu Os Infiltrados (The Departed). E ainda querem fazer uma adaptação do coreano OldBoy do Chan-wook Park. Com o Espilbergo. AND, o Rei do Pedaço. Daqui a pouco vão fazer um desenho animado de Corra, Lola, Corra (Lola rennt). Ah, sim, e fizeram um remake Psicose (Psycho) não fizeram?!?
E na mesma linha vêm as adaptações de outras mídias. Estranhamente, a grande maioria dos filmes mais aclamados, são adaptações e livros. O Poderoso Chefão (Godfather), Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption) O discurso de que o livro é melhor é tão recorrente que se tornou banal, assim como idéia de que se deve avaliar a história unicamente naquele formato, esquecendo todo o resto. Embora esse naipe de adaptações tenha seu mérito, pouco se explora a linguagem própria e única do cinema. Uns e outros tentam e ainda são chamados de "alternativos". Nem comento.
E dos livros em si, acho estranhíssimo nomear os escritores do século quando não se passou ainda uma década da virada. Quero dizer, obras consagradas o são por terem sobrevivido aos anos, mais de uma centena com certeza. Talvez seja nosso hábito de encarar as novas mídias, como o cinema e já apontar ali seus clássicos. Um filme com dez anos já é um clássico? E não creio que apontar os mais vendidos hoje para uma previsão futura do que serão os clássicos seja razoável. Afinal, quando foi que Dan Brown retratou em vias de fato esta época?
Aliás, Dan Brown é um sujeito engraçadíssimo. Apesar de eu não poder criticar nem de longe seu uso recorrente da mesma fórmula em todos os livros, afinal um de meus autores prediletos, Jules Verne, o fez em dúzias. Sempre estão lá três sujeitos, com uma donzela em porto seguro, vagando ao encontro de seu inimigo. Um homem instruído, outro prático e o herói carismático, lutando contra o tempo, contra as entranhas da Terra, contra Nemo. Mas veja que em sua produção prolífica, ele era um visionário. Brown, um repetitivo ilusionista. É até interessante ler um livro dele. UM.
E nem de longe eu comparei Dan Brown a Jules Verne. Eles nem deveriam ser colocados no mesmo parágrafo.
Já para os quadrinhos, eu diria que a coisa não é nada melhor, só piora. Enquanto as grandes da indústria dos EUA, Marvel e DC, nunca põem fim às histórias de seus personagens, tão velhos que o primeiro fã deve estar para bater as botas quando ler que Stan Lee morreu praticando Parkour, o mundo se rende aos quadrinhos asiáticos, o mangá, o manhua, o manhwa ou outras contrapartes. Para nós ocidentais, foi um abrir de olhos, que já tinha inspirado inclusive alguns americanos coisa de vinte anos atrás, feito Frank Miller. Mas chegam aqui as grandes vendagens japonesas, que já se repetem na sua busca pelo mais forte. Impressiona pouca coisa, daquilo que chega às mãos, mas dá pra citar um FLCL, e outros do material da Gainax, para citar as animações, ou escrito pelo Naoki Urasawa, ultimamente. Depois de dilatar as pupilas, o mundo procurou as escolas européias, com quadrinhos adult(er)os franceses, ingleses e afins. E mesmo os quadrinhos "para crianças" de Goscinny e Hergé. E depois caíram em gente como Gaiman e Alan Moore. Que por sinal vão pro cinema...
Sinceramente, existem universos que não podem ser transpostos a linguagem do cinema. Mesmo com gênios da arte trabalhando-a, não dá, simplesmente não dá.
Talvez olhando para trás se perceba que uma mídia lendo outra seja algo natural. Prosa e a poesia, antes mesmo de se tornarem clássicos, encontraram a música um dia, antes d'ela ser erudita. Com elas vieram as óperas, depois o teatro. Hoje, a seção de livros mais vendidos, os quadrinhos e mesmo videogames, acham o cinema, que faz uso dos nomes da música pop. Não necessariamente nessa ordem.
Agora, Voltando ao 'Nunca mais do mesmo', a idéia era tentar ter todos os dias, ou quando houvesse tempo para escrever um novo prato principal aqui. Obviamente isso seria um tanto quanto pretensioso, como toda revolução, mas enfim, tentaremos. Não que a intenção seja revolucionar, entende-se que isso é impossível, mas forcemos essa barreira um pouco. Se essa vontade não for concretizada, lembremos comer fora nas ocasiões especiais.